Parei de rezar: o que devo fazer?

Não é todo cristão que consegue manter fielmente a prática da oração. Existem muitos complicadores que podem nos impedir: como a preguiça, passando pelo esquecimento e até a “falta” de tempo. Mas, acredite, conseguir admitir esses fatores já é um passo importante para reverter a situação. 

Na verdade, dedicar um momento do dia para a oração não é tão complicado, como muitos imaginam. Se você parou de rezar, mas deseja progredir na intimidade com Deus, acompanhe algumas dicas que podem ajudar você a parar de arrumar desculpas e a se convencer por dedicar-se mais ao diálogo com Deus. 

Por que a oração deve fazer parte da minha vida?

Primeiramente precisamos nos convencer de que precisamos praticar a oração diária. O próprio Jesus nos deixou um bom motivo para isso. “Peçam, e será dado; busquem, e encontrarão; batam, e a porta será aberta. Pois todo o que pede recebe; o que busca encontra; e àquele que bate, a porta será aberta” (Mt 7,7-8).

Também o maior mandamento que Jesus nos deixou – “amai a Deus sobre todas as coisas”, é uma motivação para a prática da oração. Dedicar um tempo para rezar é dizer a Deus o quanto você o ama. Aquele que diz que não tem “tempo” para Deus, não verdade está revelando seu desamor. Assim como dedicamos tempo às pessoas que amamos, devemos nos dedicar – cinco minutos, que seja – para dizer ao Senhor: Eu te amo! 

Santa Faustina Kowalska, conhecida como a Secretária de Jesus Misericordioso, relata os motivos porque todos nós precisamos dedicar um tempo à oração. Ele dizia que em qualquer circunstância da vida devemos rezar. “Tem que rezar a alma [por alma leia-se pessoa] pura e bela, porque de outra forma perderia a sua beleza; deve rezar a alma que está buscando essa pureza, porque de outra forma não a atingiria; deve rezar a alma recém-convertida, porque de outra forma cairia novamente; deve rezar a alma pecadora, para que possa levantar-se” (Diário de Santa Faustina, nº146). 

Pela oração alcançamos os benefícios de Deus 

São João Damasceno dizia que “a oração é a elevação da alma para Deus”. Ou seja, por meio da oração nos aproximamos de Deus. E quando nos aproximamos Dele com um coração contrito – reconhecendo-se pecador, que necessita do Seu perdão e da Sua misericórdia – Deus não nos poupa do Seu amor. E quando Deus derrama sobre nós o Seu amor toda espécie de graças se infunde sobre nós. Reconhecendo isso, Santa Faustina dizia que toda graça provém da oração (cf. Diário, nº 146). 

A vida de Jesus também foi marcada pela oração. Se Ele, o Filho de Deus, precisava de oração para alcançar os benefícios de Deus, muito mais precisamos nós! 

Passos para fazer da oração um hábito

Não existe uma fórmula secreta que nos capacite à oração. O que existe, em primeiro lugar, é o comprometimento. Se você deseja tornar a oração um hábito precisa comprometer-se com isso. 

Simplesmente diga em seu íntimo com todo amor: “Senhor, a partir de hoje, quero dedicar alguns minutos do meu dia, para a oração. Peço que a Tua graça me sustente diariamente. Amém”.

  Depois que você já deu esse primeiro passo, defina para si mesmo qual horário é o mais propício para a oração. Para ajudar a não se esquecer, coloque o celular para despertar na hora que você determinou.  

Quero me dedicar à oração, mas não sei como e nem o que rezar

É muito comum que o cristão tenha dúvidas sobre o que rezar. Se esse é o seu caso, não será mais. A própria Igreja nos orienta nesse sentido. O Catecismo explica que a tradição cristã conservou três formas de oração que nos ajudam na prática do dia-a-dia. São elas: “a oração vocal, a meditação e a contemplação” (CIC 2699). 

A oração vocal é aquela em que expressamos a Deus com palavras o que temos dentro de nós: os sentimentos que nutrimos, o que nos machuca o que nos alegra, o que nos incomoda, e, enfim, as nossas necessidades. Em toda oração devemos imbuir cada palavra do mais sincero e fervoroso amor, pois, já dizia São João Crisóstomo, para que a nossa oração seja atendida, “não depende da quantidade de palavras, mas do fervor das nossas almas”. 

A meditação é uma oração silenciosa. Aquietamos nossa alma para meditar em Deus, na Sua Palavra. O Catecismo explica que a oração meditativa é uma busca e que, por meio dela, “o espírito procura compreender o porquê e o como da vida cristã, a fim de aderir e responder ao que o Senhor pede” (CIC 2705). Para pôr em prática a oração meditativa podemos ler um trecho bíblico, de maneira especial dos evangelhos, ou livros de espiritualidade cristã. Os escritos dos santos também colaboram muito para esse tipo de oração. “Meditando no que lê, o leitor se apropria do conteúdo lido, confrontando-o consigo mesmo. Neste particular, outro livro está aberto: o da vida. Passamos dos pensamentos à realidade, conduzidos pela humildade e pela fé” (CIC 2706). Na oração meditativa colocamos em ação o pensamento, a imaginação, a emoção e o desejo a fim de aprofundar nosso credo o fortalecer o desejo de seguirmos a Cristo (cf. CIC, 2708).

Já na contemplação procuramos por Aquele a quem amamos (cf. Ct 1,7). “O coração é o lugar da busca e do encontro, na pobreza e na fé” (CIC 2710). O Catecismo explica que a contemplação é a oração do pecador perdoado “que consente em acolher o amor com que é amado e que quer corresponder-lhe amando mais ainda” (CIC 2712). Na oração contemplativa, Deus fortalece nosso ser interior (cf. Ef 3,16), para que “sejamos arraigados e fundados no amor” (CIC 2714). Na contemplação, fixamos nosso olhar em Jesus. São João Maria Vianney dizia diante de Jesus Eucarístico: “Eu olho para Ele e Ele olha para mim”. Ou seja, contemplar a Deus permite que Ele contemple minha vida. 

Santa Teresa do Menino Jesus, sabiamente descreveu: “a oração é um impulso do coração, é um simples olhar lançado para o céu, é um grito de gratidão e de amor”. Agora perceba um fato interessante: A palavra “oração” está arraigada em “coração” – o berço dos nossos sentimentos. Coloque, portanto, teu coração na tua oração – ela é o teu amor a Deus!

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