Diferente do que muitos consideram, o escapulário não é um simples acessório que os católicos carregam no pescoço. Ele é sinal de algo que o fiel traz em seu íntimo: sua fé e devoção à Virgem Maria, além de ser um sinal do propósito de conversão. Conheça a história por traz do escapulário e a sua espiritualidade.
Um sinal do céu
Tudo começou com um santo. O monge Simão Stock, da Ordem Carmelita, estava no convento na Inglaterra quando recebeu uma visita inesperada. Era o dia 16 de junho de 1251. Em sua oração, o santo pediu a Nossa Senhora um sinal visível de sua proteção. A Virgem Maria surgiu diante dele segurando um escapulário nas mãos e lhe disse: “Recebe, meu filho, este Escapulário da tua Ordem, que será o penhor do privilégio que eu alcancei para ti e para todos os filhos do Carmo. Todo o que morrer com este Escapulário será preservado do fogo eterno. É, pois, um sinal de salvação, uma defesa nos perigos e um penhor da minha especial proteção”.
O escapulário usado pelos monges é diferente do que conhecemos. Trata-se de uma peça que faz parte da vestimenta do religioso. É um avental usado sobre as escápulas (ombro) – o que originou a palavra “escapulário”.
Tempos depois é que foi estabelecido outro modelo de escapulário para que o fiel leigo também pudesse utilizá-lo e alcançar as graças do céu. O escapulário passou, então, a ser feito com dois quadradinhos de tecido marrom unidos por cordões, tendo de um lado a imagem de Nossa Senhora do Carmo e de outro o Coração de Jesus, ou o brasão da Ordem do Carmo – como uma miniatura do hábito carmelita, por isso é considerado uma veste.
Aquele que se reveste com o escapulário passa a fazer parte da família carmelita e se consagra a Nossa Senhora. Desta forma, o escapulário é um sinal visível de aliança com Maria. Atualmente encontramos diversas versões do escapulário, desde as mais simples, seguindo o modelo original, até mais requintadas de prata ou de ouro.
A segunda promessa
Anos depois da aparição de Nossa Senhora ao monge Simão, o Papa João XXII rezava quando foi surpreendido pela mesma Virgem Maria. Nossa Senhora apareceu a ele vestida com o hábito carmelita e lhe fez uma promessa: “aqueles que usarem o escapulário serão depressa libertados das penas do purgatório no sábado que se seguir a sua morte”. O Papa relatou a promessa da Virgem no documento “Bula Sabatina”, publicado em 3 de março de 1322.
Em 1726, o Papa Bento XIII estendeu a festa de Nossa Senhora do Carmo, celebrada até então apenas pelos Carmelitas, a toda a Igreja. Em 14 de julho de 1908, as vantagens do privilégio sabatino, ou seja, a libertação do purgatório no sábado depois do falecimento, foram confirmados pela Sagrada Congregação das Indulgências. E o Papa Pio XII, em 1950, reconheceu: “A devoção do escapulário do Carmo fez descer sobre o mundo copiosa chuva de graças espirituais e temporais”.
Não basta usar o escapulário
Usar o escapulário é dizer ao mundo: “Sim! A Virgem Maria é minha mãe!” O Papa João Paulo II expressou isso quando escreveu: “O Escapulário passa a ser um sinal da ‘aliança’ e recíproca comunhão existente entre Maria e os fiéis: ele traduz de fato, e de forma concreta, a entrega que Jesus, do alto a cruz, fez a João – e nele a todos nós – de sua Mãe” (Carta do Papa João Paulo II por ocasião dos 750 anos do Escapulário).
No entanto, a espiritualidade do escapulário não se limita a carregá-lo no peito. Algumas atitudes devem ser assumidas por aqueles que decidem declarar para o mundo a sua fé e devoção: A oração deve ser uma prática constante, assim como leitura da Palavra de Deus – colocando-a em prática na própria vida, a participação nos sacramentos da Igreja e o auxílio ao próximo por meio de obras de misericórdia.
Sabiamente, João Paulo II explicou na mesma carta: “não se pode limitar a devoção a Maria a meras orações e serviços prestados a fim de a honrar em algumas circunstâncias, devendo antes aquele constituir um ‘hábito’, ou seja, uma orientação constante da própria conduta pessoal”. Ou seja, não basta usar o escapulário, é preciso haver uma mudança de vida e ela deve ser diária.
Se você decidiu adotar o escapulário como um símbolo do teu amor a Maria, não se esqueça de que não basta trazê-lo consigo para alcançar as bênçãos prometidas por nossa Senhora do Carmo. Ter uma vida em conformidade com a Palavra de Deus, amando a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a ti mesmo (cf. Mt 22,34) é condição necessária para que o cristão testemunhe sua fé e honre a Mãe de Deus que nos foi dada como mãe por Jesus Cristo.
Nossa Senhora do Carmo, rogai por nós!