Não poderia ser diferente: os santos nutriam uma especial devoção aos Anjos e Arcanjos. Contudo, mais do que manter uma devoção, de maneira especial, alguns recomendaram aos fiéis que também estreitassem seus laços de amizade com seus Anjos da Guarda e também com São Miguel Arcanjo.
Os Anjos – entre eles os Arcanjos São Miguel, São Rafael e São Gabriel – são criaturas divinas:
“não existe nada que não deva sua existência a Deus criador”,
explica o Catecismo da Igreja Católica (CIC 338). E a sua existência é uma verdade de fé expressa pela Bíblia Sagrada e pela Tradição da Igreja (cf. CIC 328).
No céu, eles contemplam e glorificam continuamente a face de Deus e estão ao Seu serviço. O Catecismo expõe que a Igreja venera os Anjos, inclusive São Miguel Arcanjo, porque eles a ajudam em sua peregrinação terrestre e protegem cada ser humano (cf. CIC 352). Certos dessa tradição, os santos expressavam sua fé na intercessão dos Santos Anjos em seus escritos. Uma herança valiosa que deixaram a nós.
A valorosa amizade dos santos com os Anjos
São João da Cruz está entre os santos que reconheciam os Anjos como benfeitores que nos põem em contato com Deus.
“Os anjos são os nossos pastores; não só levam a Deus as nossas mensagens, como também trazem até nós as que Deus nos envia”, dizia ele. Outra vez, também expressou que os Anjos “apascentam-nos a alma com doces inspirações e comunicações divinas; sendo bons pastores, protegem-nos e defendem-nos dos lobos, isto é, dos demônios”.
São João Maria Vianney não começava seu dia sem dar bom dia ao seu Anjo da Guarda e dizer a ele: “Amo-te com ternura”. Igualmente, ao cair da noite rezava: “Boa noite, meu Anjo da Guarda. Agradeço-te por me teres guardado durante este dia”.
Santo Ambrósio recomendava: “Devemos rezar aos anjos que nos são dados como guardiães”. E o bispo São Basílio dizia: “Entre os Anjos, alguns trabalham especialmente junto às nações, outros como companheiros dos fiéis”.
São Padre Pio, que é conhecido por sofrer ataques ferozes do demônio, ao mesmo tempo em que era amparado e orientado por seu Anjo. Certa vez afirmou que Jesus nos chama por meio dos Anjos para se manifestar a nós.
São Gregório Nazianzeno, por sua vez, reconhecia:
“Deus não deixou nossa franqueza sem ajuda; mas, destinou-nos um Anjo para auxiliar a vida de cada um de nós”.
O que os santos disseram sobre São Miguel Arcanjo
O Papa Pio IX, beatificado pelo Papa São João Paulo II, reconhecia a valorosa amizade de São Miguel Arcanjo. Certa vez escreveu:
“São Miguel é quem tem maior capacidade para exterminar as forças malditas, filhos de satanás, que juraram a ruína da sociedade cristã”.
Já São Pio X, também Papa, afirmava: “Deus, na primeira luta, venceu, servindo-se do Arcanjo São Miguel; devemos, portanto, acreditar firmemente que a luta atual terminará triunfante e também, como outrora, com o socorro e ajuda deste Arcanjo bendito”.
São Francisco de Assis também nutria uma especial devoção ao Arcanjo e foi primeiro a praticar a quaresma de São Miguel. Em sua honra, jejuava com muita devoção por quarenta dias entre a festa da Assunção e a festa do Arcanjo. Ele costumava dizer que São Miguel:
“devia ser mais excelentemente honrado, pelo fato que este tinha o ofício de apresentar as almas a Deus” (2 Celano 197).
São Francisco costumava rezar:
“Senhor Jesus Cristo, rei da glória, livra as almas de todos os defuntos das penas do inferno e do profundo abismo, livra-as das faces do leão, a fim de que não seja presa do tártaro e não caiam nas trevas; mas que o porta-estandarte São Miguel as conduza à luz santa que uma dia prometeste a Abraão e à sua descendência” (GIUDICI, M. Pia, Os anjos existem!, Ed. Loyola, São Paulo. 1995, p.52)
O auxílio dos Anjos na hora da morte
Entre os santos que nutriam devoção a São Miguel Arcanjo, existem dois que narram experiências de pessoas de seu convívio com o Arcanjo no momento da morte. Santo Anselmo é um deles.
Ele contou em seus escritos que, certa vez, um piedoso religioso foi tentado por Satanás nos seus últimos instantes de vida, que o acusou de todos os pecados que havia cometido antes do seu batizado – que aconteceu quando adulto. Porém, no mesmo instante, São Miguel Arcanjo veio em defesa do religioso dizendo àquele Anjo do mal que tais pecados haviam sido apagados no momento do seu Batismo.
Afonso Ligório é outro santo que identificou São Miguel Arcanjo como defensor dos agonizantes. Ele testemunhou a graça da conversão de um homem polonês, da nobreza, cuja vida era um mar de pecados, longe de Deus. Este homem estava já desfalecido, com o coração em desespero pela morte que se aproximava, quando recebeu a visita de São Miguel Arcanjo – a quem nutria uma discreta devoção.
O Arcanjo incentivou aquele homem ao arrependimento de seus pecados. Santo Afonso narra que São Miguel Arcanjo disse ao moribundo que havia intercedido por ele junto a Deus para que tivesse mais um tempo de vida a fim de procurar alcançar a salvação eterna. Em seguida, dois sacerdotes chegaram ao local contando que um jovem – supostamente São Miguel Arcanjo – havia lhes aparecido e pedido que fossem ver aquele doente. O homem pôde, então, se confessar, manifestando o sincero arrependimento. Ele recebeu a Santa Comunhão e, em seguida, morreu em paz.