No ano de 1830 a Virgem Maria escolheu uma jovem religiosa, Catarina Labouré, para trazer ao mundo uma mensagem e uma nova devoção.
Nascida na França, a freira pertencia à Congregação das Filhas da Caridade. Tendo perdido sua mãe aos nove anos, desde então Catarina havia tomado a Virgem Maria por sua mãe e protetora.
Santa Catarina Labouré teve três encontros com a Nossa Senhora. Numa dessas aparições a Virgem lhe apresentou o devocional que ficou conhecido como “Medalha Milagrosa”.
A primeira aparição
Na noite da festa de São Vicente de Paulo, o fundador da congregação à qual pertencia Santa Catarina, aconteceu algo que essa jovem religiosa desejou muito.
A Madre Superiora do convento pregou às noviças sobre as virtudes dos santos, de modo especial do seu santo fundador, e também sobre a devoção à Virgem Maria. Em seguida, entregou a elas algo especial: um fragmento da sobrepeliz de São Vicente Paulo.
Com essa relíquia, Catarina rezou devotamente pedindo ao santo que lhe ajudasse a ver Nossa Senhora com seus próprios olhos. “E deitei-me com esse pensamento: que nessa noite mesmo, eu veria minha Boa Mãe”, relatou ela em um de seus escritos.
Naquela mesma noite (19 de julho de 1830) a religiosa acordou com uma criança que lhe dizia: “Irmã Labouré! Venha para a Capela! A Santíssima Virgem te espera!”.
Santa Catarina narrou o que aconteceu depois.
“Eu me vesti depressa e me dirigi para o lado do menino, que ficara de pé. Eu o segui. Ele estava sempre à minha esquerda. Por todos os lugares onde passávamos as luzes (as velas) estavam acesas”.
E ao chegar à capela, outro fato a surpreendeu: “O menino tocou apenas com a ponta do dedo e a porta se abriu!”.
Em seguida, aquela criança, que ela depois reconheceu ser seu anjo da guarda, exclamou: “Olhe! É a Santíssima Virgem! Ei-la!”.
O desejo de um coração puro, que ansiava por ver a Virgem Maria, se realizou naquele momento.
Ela continuou a narrativa: “Ouvi então um ruído como o ‘fru-fru’ de um vestido de seda que partia do lado direito do altar. Em seguida, vi uma senhora de extraordinária beleza sentar-se na cadeira que o diretor da comunidade costumava utilizar e que fica do lado esquerdo”.
Santa Catarina conta que se aproximou da Virgem e apoiou suas mãos sobre os joelhos dela. Fez como faria com sua mãe, expressou ela, que reconheceu: “Ali se passou o momento mais doce de minha vida. Seria impossível exprimir tudo o que senti”.
Depois de trocarem algumas palavras, a Virgem desapareceu. Catarina ficou ainda por alguns minutos ali, extasiada com aquela experiência, até que seu anjo da guarda a chamou para que ela retornasse ao dormitório.
Naquele encontro, Nossa Senhora fez revelações sobre grandes calamidades e perseguições que aconteceriam na França naquela época.
A segunda aparição
Era dia 27 de novembro de 1830, uma tarde de sábado. As religiosas estavam reunidas na capela do convento, quando Catarina ouve aquele mesmo barulho de um vestido se arrastando pelo chão.
“Vi a Santíssima Virgem à altura do quadro de São José. De estatura média, sua face era tão bela que me seria impossível dizer sua beleza”.
Foi na segunda aparição à Santa Catarina que a Santíssima Virgem pediu que fossem cunhadas medalhas, conforme a religiosa a via.
“Todos os que a usarem, trazendo-a ao pescoço, receberão grandes graças. Estas serão abundantes para aqueles que a usarem com confiança”, explicou a Santíssima Virgem para a religiosa.
Mais tarde, com a aprovação da Igreja, as medalhas foram confeccionadas e distribuídas, inicialmente na França, e depois por todo o mundo.
A terceira aparição
Dias depois, em dezembro de 1830 a Virgem Maria se manifestou pela última vez à Santa Catarina.
A religiosa fazia sua meditação vespertina, quando reconheceu o som do vestido da Virgem se arrastando pelo chão da capela.
Ela relatou: “É impossível exprimir o que senti e compreendi”.
Como na aparição anterior, Nossa Senhora trazia um globo em suas mãos, que representa o mundo. Porém, desta vez, Santa Catarina viu a Virgem entregando esse globo a Jesus. Das mãos da Virgem jorravam luz.
Santa Catarina descreveu: “Estes raios são símbolo das graças que a Santíssima Virgem obtém para as pessoas que Lhes pedem. Estava eu cheia de bons sentimentos, quando tudo desapareceu como algo que se apaga. E fiquei repleta de alegria e consolação”.
Porém, antes de partir, a Virgem consolou a santa: “Minha filha, doravante não mais me verás, porém ouvirás minha voz durante tuas orações”.
Em uma das aparições, Nossa Senhora ainda pediu à Santa Catarina que fosse fundada a Associação das Filhas e Filhos de Maria. O pedido da Virgem foi atendido pelo diretor espiritual de Santa Catarina, o sacerdote francês João Maria Aladel. A Associação que ficou conhecida como Juventude Mariana Vicentina, é responsável pela propagação da Medalha Milagrosa de Nossa Senhora das Graças.