A devoção à Divina Misericórdia tem se espalhado pelo mundo e a cada dia conquista novos fiéis. Mas, você sabe como surgiu essa devoção? Sabe quais são as formas de praticá-la no seu cotidiano?
Conheça os principais aspectos referente a esta devoção para que você possa, de fato, viver bem a misericórdia no seu dia a dia.
Como surgiu a devoção à Divina Misericórdia
No século XX, Jesus escolheu uma freira piedosa nascida na Polônia, Santa Faustina Kowalska, para recordar ao mundo que Deus é Pai e Misericordioso.
Mas, não apenas isso, Jesus quis nos ensinar a sermos misericordiosos como Ele é misericordioso.
Contudo, o Senhor sabe o quanto somos imperfeitos e que, muitas vezes, não sabemos como agir ou como sermos misericordiosos no cotidiano.
Por isso, Ele indicou a Santa Faustina algumas formas que compõe a devoção à Divina Misericórdia, para que assim possamos praticá-la verdadeiramente.
Santa Faustina, por sua vez, anotou em cadernos tudo o que Jesus dizia a ela. E é por meio desses seus escritos que temos todas as informações acerca dessa devoção que nos conclama à confiança!
Entre os anos de 1930 e 1938, Santa Faustina teve inúmeras visões de Jesus, que lhe aparecia no seu quarto ou na capela. Esses cadernos em que ela registrou tudo formam hoje Diário de Santa Faustina
Nos encontros de Santa Faustina com Jesus, Ele lhe falava sobre o Seu amor misericordioso. Também ensinou a ela orações e como podemos praticar a misericórdia uns para com os outros.
Mas, afinal, quais são as formas dessa devoção?
Vamos conhecer agora como podemos viver a devoção à Divina Misericórdia no nosso dia a dia.
A imagem de Jesus Misericordioso
No dia 22 de fevereiro de 1931, Jesus fez um pedido especial a Santa Faustina:
“Pinta uma Imagem de acordo com o modelo que estás vendo, com a inscrição: Jesus, eu confio em Vós” (Diário, 47).
Nesta Imagem, que se tornou mundialmente conhecida, dois raios, um esbranquiçado e outro vermelho, brotam do Coração de Jesus.
E você? Sabe qual é o significado desses raios? O próprio Jesus explicou para a religiosa: “o raio pálido significa a água que justifica as almas; o raio vermelho significa o Sangue que é a vida das almas” (Diário, 299).
A Imagem de Jesus Misericordioso é um sinal que nos recorda o dever cristão da confiança em Deus, por isso a inscrição: Jesus, eu confio em Vós.
A confiança é propriamente a essência dessa devoção: “Desejo a confiança das Minhas criaturas” (Diário, 1059), expressou certa vez Jesus.
É também um sinal do amor ativo que devemos ter para com o próximo e que devemos agir com misericórdia: “Deves mostrar-te misericordiosa com os outros, sempre e em qualquer lugar. Tu não podes te omitir, desculpar-te ou justificar-te” (Diário, 742).
Jesus também disse a Santa Faustina: “Por meio desta Imagem concederei muitas graças (…). Ela deve lembrar as exigências da Minha misericórdia, porque mesmo a fé mais forte de nada serve sem as obras” (Diário, 742).
No seu Diário, Santa Faustina registrou grandes promessas de Jesus para aquele que venerar esta Imagem.
Essas promessas são:
- a salvação eterna
- a graça de uma morte tranquila
- grandes progressos no caminho da perfeição cristã
- e outras graças que estejam de acordo com a vontade de Deus
“Por meio dessa Imagem concederei muitas graças (…); que toda alma tenha, por isso, acesso a ela” (Diário, 570).
A Festa da Divina Misericórdia
No mesmo dia em que pediu a pintura da Sua Imagem, Jesus fez outro pedido à Santa Faustina:
“Eu desejo que haja a Festa da Misericórdia. Quero que essa Imagem seja abençoada solenemente no primeiro domingo depois da Páscoa, e esse domingo deve ser a Festa da Misericórdia” (Diário, 49).
Na Festa da Misericórdia devemos adorar a Deus no mistério da Sua misericórdia. É também um tempo especial de graça para o pecador arrependido.
“Desejo que a Festa da Misericórdia seja refúgio e abrigo para todas as almas, especialmente para os pecadores” (Diário, 699).
Jesus também prometeu: “alcançará o perdão total das faltas e dos castigos aquele que, nesse dia, se aproximar da Fonte da Vida” (Diário, 300). “Neste dia, estão abertas as entranhas da Minha misericórdia. Derramo todo um mar de graças sobre as almas que se aproximam da fonte da Minha misericórdia” (Diário, 699).
Contudo, para alcançar os benefícios que Jesus prometeu, é preciso cumprir as condições da devoção à Divina Misericórdia:
- a confiança na bondade de Deus
- o amor ativo para com o próximo
- e encontrar-se em estado de graça santificante (após a confissão) dignamente recebendo a sagrada Comunhão.
A festa da Divina Misericórdia foi incluída no calendário litúrgico da Igreja pelo Papa João Paulo II no dia 30 de abril de 2000. Neste mesmo dia, ele canonizou Santa Faustina.
Na ocasião, ele disse na sua homilia:
“Quantas almas já foram consoladas pela invocação ‘Jesus, eu confio em Vós’, que a providência sugeriu através da Irmã Faustina! Este simples ato de abandono a Jesus dissipa as nuvens mais densas e faz chegar um raio de luz à vida de cada um”.
Novena à Divina Misericórdia
Para bem celebrarmos a Festa da Divina Misericórdia, Jesus indicou uma novena preparatória. Essa novena deve começar na Sexta-Feira Santa.
“Desejo que, durante estes nove dias, conduzas as almas à fonte da Minha misericórdia, a fim de que recebam força, alívio e todas as graças de que necessitam” (Diário, 1209).
“Através desta novena concederei às almas toda espécie de graças” (Diário, 796).
Contudo, a Novena à Divina Misericórdia pode ser rezada também em outros momentos. Santa Faustina sempre rezava pedindo por alguma intenção especial. Certo dia ela escreveu: “Resolvi fazer logo uma novena à Misericórdia do Senhor” (Diário, 634).
Terço da Misericórdia
Esse terço é rezado diariamente por uma multidão incalculável de pessoas em todo o mundo.
Ele foi ensinado pelo próprio Jesus a Santa Faustina em 1935, como uma oração de súplica e para aplacar a ira de Deus (cf. Diário, 474-476).
Rezar esse Terço é oferecer ao eterno Pai o Corpo e o Sangue, a Alma e a Divindade de Jesus em expiação dos próprios pecados e dos pecados de toda a humanidade.
Ou seja, com essa oração pedimos a misericórdia para nós e para o mundo todo, cumprindo assim nosso dever cristão de realizar uma obra de misericórdia. Afinal, o próprio Jesus disse que praticamos um gesto concreto de misericórdia pela oração, pela palavra ou pela ação (cf. Diário, 742).
Além disso, rezando o Terço da Misericórdia nos unimos com o sacrifício de Jesus, recorrendo àquele amor que o Pai tem para com o Seu Filho, e Nele para com todos nós.
Veja o que Jesus prometeu aos que rezarem esse Terço:
“Pela recitação desse Terço agrada-Me dar tudo o que Me pedem (…)
se estiver de acordo com a Minha vontade” (Diário, 1541 e 1731).
“Quando os pecadores empedernidos o recitarem, encherei de paz as suas almas, e a hora da morte deles será feliz” (Diário, 1541).
“As almas que rezarem este Terço serão envolvidas pela Minha misericórdia, durante a sua vida” (Diário, 754).
“Defendo toda alma que recitar esse Terço na hora da morte, como se fosse a Minha própria glória, ou quando outros o recitarem junto a um agonizante, eles conseguirão a mesma indulgência” (Diário, 811).
Hora da Misericórdia
Em 1937, Jesus falou a Santa Faustina que deseja a veneração da Hora da Sua morte, que é a Hora da Misericórdia. Ele assim se expressou:
“Todas as vezes que ouvires o relógio bater três horas da tarde, deves mergulhar toda na Minha misericórdia, adorando-a e glorificando-a. Implora a onipotência dela em favor do mundo inteiro (…) porque nesse momento [a misericórdia] foi largamente aberta para toda a alma” (Diário, 1572).
Ele ainda falou: “Nessa hora conseguirás tudo para ti e para os outros. Nessa hora realizou-se a graça para o mundo inteiro: a misericórdia venceu a justiça” (Diário, 1572).
Jesus também indicou algumas maneiras com as quais devemos venerar a Hora da Misericórdia (cf. Diário, 1572):
- Rezar a via-sacra, meditando a Paixão de Jesus.
- Adorar o Coração Misericordioso de Jesus no Santíssimo Sacramento.
- Ou recolher-se em oração onde estiver ainda que por um breve momento.
Como você pôde constatar, viver a misericórdia no dia a dia está longe de ser algo difícil ou impossível.
Contudo, precisamos nos recordar sempre de que para vivê-la genuinamente, depende de duas condições: a confiança no Seu amor misericordioso e no amor que devemos dedicar ao próximo.
Portanto, em qualquer circunstância reúna forças para dizer “Jesus, eu confio em Vós!”, e não se canse de ir em direção ao outro com a mesma misericórdia que o Senhor vem a você!