São Luís Maria Grignion de Montfort é mundialmente conhecido pelos católicos como o santo da Virgem Maria. Essa fama se deve ao fato de ele ser o autor de um dos livros mais lembrados quando o assunto é a devoção à Nossa Senhora. Mesmo tendo sido escrito por volta do ano de 1712, é uma obra recomendada aos católicos até hoje.
Mas, antes de falarmos propriamente sobre esse livro de tão profunda espiritualidade, precisamos compreender quem é o seu autor.
Quem foi São Luís de Montfort
Nascido na França em 1673, São Luís Maria Grignion de Montfort é o filho mais velho de uma numerosa e abençoada família. Seus pais tiveram 17 filhos. Entre eles, um se tornou religioso dominicano, um padre diocesano – São Luís, uma se tornou religiosa beneditina e outra sacramentina.
Vivendo num lar piedoso, São Luís aprendeu muito cedo o amor a Deus e às coisas do alto e já vivia uma devoção à Nossa Senhora. Quando recebeu o Crisma, por iniciativa própria ele acrescentou ao seu prenome o nome Maria.
Aos 11 anos ele começou a estudar em um colégio Jesuíta, onde recebeu uma sólida formação humana e espiritual.
Neste colégio, cursou filosofia e sentiu o chamado de Deus para ser sacerdote. Por isso, em 1693 ele partiu para Paris a fim de entrar no Seminário de São Sulpício e estudar teologia. Foi ordenado sacerdote em 1700.
O seu carisma era o amor aos pobres e a evangelização
Um traço marcante na vida sacerdotal de São Luís Maria foi o seu amor aos pobres. Ele se fez pobre com os pobres. Inclusive, muitas vezes doou suas próprias roupas para quem não tinha o que vestir.
Andava quilômetros a pé e vivia sem luxo algum, portando consigo apenas o essencial para a sua sobrevivência. Em seus escritos ele registrou: “Só Deus é a minha ternura, só Deus é o meu sustentáculo, só Deus é todo o meu bem, a minha vida e a minha riqueza”.
Dedicou-se com afinco à evangelização, principalmente dos estrangeiros. Fazia missões populares pelo seu país e assim consumiu sua vida para anunciar a Jesus.
Apenas 6 anos após sua ordenação sacerdotal, da França ele viajou a pé para Roma a fim de encontrar-se com o Papa Clemente XI e confirmar sua vocação missionária.
O Papa, então, conferiu a São Luís Maria o título de Missionário Apostólico e pede que ele trabalhasse para renovar o espírito do cristianismo nos fiéis.
Dono de uma sensibilidade e portador de uma criatividade muito aflorada, São Luís Maria pegava músicas populares e compunha letras para ensinar a doutrina cristã.
Ele foi um homem arrojado, um sacerdote à frente do seu tempo.
Fundou três congregações religiosas: os Missionários Monfortinos, as Filhas da Sabedoria e os Irmãos de São Gabriel.
São Luís Maria de Montfort e a devoção à Nossa Senhora
Como já sabemos, desde criança São Luís já vivia um amor especial à Virgem Maria. E a devoção que nutria por Nossa Senhora tornou-se ainda mais evidente quando se tornou sacerdote.
Ele dizia: “É por Maria que procuro e que vou encontrar Jesus, que eu esmagarei a cabeça da serpente e vencerei todos os meus inimigos e a mim mesmo, para a maior glória de Deus”.
Para São Luís, a Virgem Maria é aquela que nos leva Jesus. Por isso, Nossa Senhora foi sua companheira de vida, companheira de suas missões.
“Mil graças a Maria! Este Jesus que eu possuo é, com efeito, seu fruto, e sem ela eu jamais o teria”.
São Luís escreveu muitos livros, entre eles o “Tratado da verdadeira devoção à Santíssima Virgem”. É uma obra muito conhecida entre os católicos.
Curiosidades sobre o “Tratado da verdadeira devoção à Santíssima Virgem”
Essa obra de São Luís é uma reflexão sobre a importância da devoção à Nossa Senhora. Essa informação é totalmente explicita pelo título do livro. Porém, o que muitos talvez não saibam é que se trata de uma devoção totalmente centrada em Jesus.
Esse livro, além de refletir sobre a importância de Maria para o cristão, também oferece um roteiro de oração para fazer uma consagração. E é aqui que muitos também se enganam! Pois, não se trata de uma consagração à Maria, mas sim de uma consagração a Jesus por meio de Maria.
“A Santíssima Virgem é o meio pelo qual Nosso Senhor se serviu para vir a nós; e é o meio que devemos nos servir para ir a Ele”, explicou o santo.
A consagração proposta por São Luís é uma forma de renovarmos as promessas do batismo, portanto, uma maneira de fortalecermos nossa opção por Jesus. A consagração, e a renovação – que deve ser feita anualmente na mesma data, é uma oferta de si mesmo ao Senhor, pelas mãos de Maria.
Mais uma curiosidade, é que o livro foi escrito à mão, em 1712, e São Luís não deu a ele nenhum nome e também não o publicou. O manuscrito foi encontrado e publicado mais de 100 anos após a sua morte.
São Luís faleceu muito jovem, aos 43 anos, em 1716. E foi apenas em 1845 que essa obra que ultrapassa as barreiras do tempo foi publicada.
Muitos santos que viveram bem depois dele conheceram e adotaram a prática devocional proposta por São Luís. São João Paulo II é um deles.
Em 1947, São Luís Maria foi canonizado pelo Papa Pio XII, e a sua memória é celebrada no dia 28 de abril.
A devoção à Nossa Senhora foi sua principal herança
A principal mensagem que ele nos deixou como legado é esta: precisamos conhecer e amar a Virgem Maria para melhor conhecer e amar a Jesus. Nisto consiste a verdadeira devoção à Nossa Senhora.