Há um mistério escondido dentro de cada um de nós. Este mistério é a vocação ao qual o Senhor nos chama a viver. Portanto, um chamado que é também a essência mais profunda, a identidade de cada ser humano.
Se tratando dos estados de vida, é muito comum a identificação com a vocação matrimonial. Afinal, grande parte das pessoas crescem sendo educadas para viverem este chamado, desejando a concretização deste sonho.
Porém, poucos são aqueles que compreendem o real sentido e valor desse chamado. Ao contrário daquilo que o mundo de hoje prega, os casados não devem buscar os próprios interesses e vontades, mas desejar ardorosamente ofertar-se em vista do outro. A felicidade daqueles que são chamados à vocação matrimonial, não consiste na realização individual, mas na felicidade do outro.
Caminhando para santidade juntos
Fazer o outro feliz, ajudá-lo a alcançar os próprios objetivos, caminhar juntos na mesma direção, estes devem ser os grandes anseios do vocacionado ao matrimônio. Para os cristãos, essa vivência possui um valor ainda mais caro. Esta pode ser a via que o Senhor os chama a percorrer para alcançar a santidade.
O Catecismo da Igreja Católica ensina que: Os esposos cristãos, «no seu estado de vida e na sua ordem, têm, no povo de Deus, os seus dons próprios» (161). Esta graça própria do sacramento do Matrimónio destina-se a aperfeiçoar o amor dos cônjuges e a fortalecer a sua unidade indissolúvel. Por meio desta graça, «eles auxiliam-se mutuamente para chegarem à santidade pela vida conjugal e pela procriação e educação dos filhos» (CIC 162).
E de onde vem a fonte desta graça? Qual é o modelo que inspira essa oferta mútua entre os esposos? “Cristo é a fonte desta graça. «Assim como outrora Deus veio ao encontro do seu povo com uma aliança de amor e fidelidade, assim agora o Salvador dos homens e Esposo da Igreja vem ao encontro dos esposos cristãos com o sacramento do Matrimónio» (CIC 163).
Matrimônio: a arte do remendo
Diariamente, os cônjuges renovam sua promessa feita no altar e a decisão de doar-se inteiramente tendo em vista o bem do outro, assumindo um compromisso de fidelidade e união por toda a vida. Dado os recomeços, desafios, reconciliações e demais construções e reconstruções necessárias nesse caminho, pode-se dizer que na vocação matrimonial, aprende-se algo como a arte do remendo.
“Por isso, deixará o homem a seu pai e a sua mãe e unir-se-á a sua mulher. E serão os dois uma só carne e, assim, já não serão dois, mas uma só carne. Portanto, o que Deus ajuntou, não o separe o homem.” (Mc 10, 7- 9)
No Sacramento do matrimônio, os esposos vão encontrar em Cristo o modelo a ser seguido. Assim como Cristo amou a Igreja e se entregou por ela, livre, desinteressadamente, até à morte de Cruz, também os esposos são chamados ao amor que se doa até o fim.
Aqueles que cultivam o perdão, sabem viver a premissa de não se deitar sem antes reconciliar-se. Portanto, descobrem juntos, constantemente, novas formas de recomeçar e reconstruir os laços, seguindo adiante não obstante os desafios.
Um caminho de felicidade, mas nem por isso deixa de ter as suas exigências e sacrifícios. Por amor a Deus, em gratidão pela sua bondade infinita, os casais descobrem então novas formas de cuidar daquela pessoa a quem o Senhor os confiou.
A santidade na vocação matrimonial
Sendo a santidade o chamado comum a todo ser humano, fica claro também que ela é possível de ser alcançada por meio da vocação matrimonial. O primeiro casal que nos ensina sobre a santidade na vida conjugal é justamente os pais de Jesus, Maria e José. Grande exemplo a ser seguido por todos os vocacionados ao casamento.
Em diferentes épocas e contextos, diversos outros casais testemunharam com as suas vidas, que a santidade é possível para todos.
Caso queira conhecer exemplos mais próximos dos tempos atuais, temos o testemunho da Serva de Deus Chiara Corbella Petrillo e seu esposo Enrico. Certamente irá encher o seu coração de esperança, de que em meio às dores e alegrias de uma vida comum é possível buscar a santidade também na vocação matrimonial.
Estas famílias ensinam com seus testemunhos, aquilo que bem expressou Bento XVI, em 2007: “ toda casa pode transformar-se em uma pequena igreja. Não apenas no sentido de que nela deve reinar o típico amor cristão, feito de renúncia e atenção recíproca, mas no sentido de que toda a vida familiar, em virtude da fé, está chamada a girar em torno do único Senhor: Jesus Cristo”.
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