Diversidades de Carismas na Igreja, uma graça de Pentecostes

Você com certeza já conhece a celebração de Pentecostes. Porém, sabe sua origem e os efeitos que esse acontecimento causou na Igreja até os tempos atuais? Vamos percorrer um caminho que nos levará a conhecer o Espírito Santo e a diversidade de seus carismas.

Antes, o que é pentecostes? 

A palavra grega pentekosté significa 50 dias depois da Páscoa. Para os judeus, era a festa das Semanas, festa das Colheitas ou Dia das Primícias, quando o povo se reunia para agradecer a Deus pela colheita de grãos, trigo e cevada.

Agora, após a ressurreição de Cristo, Ele passou 40 dias aparecendo vez ou outra aos seus discípulos. Logo, depois da sua Ascensão, foram mais 10 dias até o evento do Cenáculo. Ou seja, no total são 50 dias da Páscoa até a vinda do Espírito Santo.

Portanto, a festa da colheita dos judeus, tornou-se a Festa do Espírito Santo para o povo cristão; dia do derramamento da graça, do envio dos apóstolos, da unidade dos cristãos, dia de muita gratidão e celebração.

Patriarca Atenágoras (1948-1972) diz: “Sem o Espírito Santo, Deus está distante, o Cristo permanece no passado, o Evangelho uma letra morta, a Igreja uma simples organização, a autoridade um poder, a missão uma propaganda, o culto um arcaísmo, e a ação moral uma ação de escravos”.

Vem, fogo de Pentecostes!

Contudo, quem é o Espírito Santo? Podemos citar sua presença em diversas passagens bíblicas, mas selecionamos apenas algumas:

O Espírito Santo é uma das Pessoas da Santíssima Trindade, consubstancial ao Pai e ao Filho, adorado e glorificado com o Pai e o Filho (CIC 685). Mais especificamente, Ele é a Terceira Pessoa da Trindade e é Deus como o Pai e o Filho.

“Mas o Paráclito, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, irá ensinar-vos todas as coisas e vos recordará tudo o que vos tenho dito” (Jo 14,26). A palavra Paráclito significa “chamado para ficar ao nosso lado”, portanto não estamos sozinhos.

“E comendo com eles, ordenou-lhes que não se afastassem de Jerusalém, mas que esperassem aí o cumprimento da promessa de seu Pai, […] porque João batizou na água, mas vós sereis batizados no Espírito Santo daqui a poucos dias” (At 1,4-5). Ou seja, Ele é o prometido do Pai.

“Ou não sabeis que o nosso corpo é o templo do Espírito Santo, que habita em vós” (1Cor 6,19-20). Por fim, somos habitação do Espírito Santo.

Todavia, a obra do Paráclito é manter o Cristo Vivo em nossa memória e transbordar sua ação através de nós para a construção do Reino até que o Senhor venha pela segunda vez. E um dos sinais do Espírito Santo entre nós são os carisma. Vamos entender melhor!

Carismas, um derramamento de Pentecostes

O Espírito Santo é protagonista de Pentecostes; é o doador de todos os dons e carismas na Igreja. E esses são inúmeros, por mais que tentássemos elencá-los não conseguiríamos. Por isso, vamos primeiro elencar os dons de santificação e os de serviço.

Ora, quando somos batizados, recebemos os dons de santificação que são fortalecidos no nosso crisma, são eles: sabedoria, entendimento, prudência, coragem, ciência, piedade e temor do Senhor (cf. Is 11,2). Esses dons são para nossa vida pessoal, nos ajudam no caminho de santidade e nos socorre dos ataques contra a nossa fé.

Porém, temos também os dons de serviço, ou seja, para proveito comum. São eles: palavra de sabedoria, palavra de ciência, a fé, a graça de curar as doenças, o dom de milagres,  a profecia, o discernimento dos espíritos, a variedade de línguas e interpretação das línguas. 

Contudo, ainda nos orienta São Paulo que “Aquele que é chamado ao ministério, dedique-se ao ministério. Se tem o dom de ensinar, que ensine; o dom de exortar, que exorte; aquele que distribui as esmolas, faça-o com simplicidade; aquele que preside, presida com zelo; aquele que exerce a misericórdia, que o faça com afabilidade” (cf. Rm 12,7). Tudo isso é dom do Espírito Santo para a Igreja.

Vida consagrada, uma graça de Pentecostes

Como dissemos no início, os dons do Espírito Santo são incontáveis. Eles se manifestam na vida do cristão de diversas formas, e a Igreja é auxiliada pela graça de pentecostes até hoje.

Contudo, quando falamos de Igreja e sua missão de manter viva a propagação do reino de Deus, não podemos esquecer da Vida Consagrada. Ela é dom do Espírito para a Igreja, como uma grande manifestação de pentecostes ao longo de toda a  história.

Portanto, as Ordens, Congregações, Institutos Religiosos, as Novas Comunidades e os Movimentos Eclesiais são também dons do Espírito, e cada família religiosa ou movimento traz um carisma próprio. Logo, esse carisma é a razão de ser do instituto, uma graça que orienta seu jeito de viver, seu apostolado e sua missão. 

Por exemplo, o carisma do Beneditinos é o louvor a Deus; dos Salesianos é a evangelização e a educação da juventude; da Comunidade Santos Anjos é revelar ao mundo o Rosto do Cristo Acolhedor.

Portanto, o carisma da vida consagrada, de cada família religiosa, de uma Nova Comunidade ou Movimento na Igreja, com a RCC (Renovação Carismática Católica), entre outros, são dons do Espírito Santo. Sendo assim, são a manifestação do evento de Pentecostes que dura até hoje.

O Papa fala aos movimentos e novas comunidades

No percurso da história, da expansão da Igreja e dos carismas, surgem, após o Concílio Vaticano II, os Movimentos Eclesiais e as Novas Comunidades, ambas graças de Pentecostes para a Igreja e para o mundo.

O Papa Francisco enfatiza a importância do novo do Espírito Santo:

“A novidade das vossas experiências não consiste nos métodos nem nas formas que, contudo, são importantes; a novidade consiste na predisposição para responder com renovado entusiasmo à chamada do Senhor; foi esta coragem evangélica que permitiu o nascimento dos vossos movimentos e novas comunidades”.

E convoca todos à missão:

“E não esqueçais: não queremos uma Igreja fechada, mas uma Igreja que sai, que vai às periferias da existência. Que o Senhor nos guie nelas!”

Essa é uma das graças de Pentecostes: uma igreja de portas abertas! Os Movimentos Eclesiais e as Novas Comunidades vieram contribuir, somar, testemunhar o Cristo Vivo na vida, na igreja e na sociedade.

Então, digamos todos juntos: “Vem, Espírito Santo!”

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