Jejum: como utilizá-lo em vista da minha conversão

Na sociedade atual muito se tem discutido sobre os  benefícios do jejum. Há quem o veja como mais uma dieta da moda. Já, no campo científico, são muitos os estudos que demonstram os benefícios do jejum para o corpo. Mas, a verdade é que o jejum é uma prática milenar, comum aos católicos, principalmente durante a Quaresma, e que pode nos trazer muitos benefícios, sobretudo espirituais.

Jesus permaneceu em jejum, a pão e água, no deserto, por quarenta dias. Ele preparava seu espírito e o seu corpo para a eminente missão que Deus Pai lhe atribuiu: dar a própria vida para a salvação da humanidade. Se o próprio Cristo, o Santo dos Santos, viveu a penitência para manter-se unido à vontade de Deus, quanto mais nós, pecadores, devemos praticar o jejum.

O jejum não pode ser ignorado ou esquecido

A prática do jejum é fundamental para a boa vivência do cristão, principalmente no período quaresmal – tempo de conversão, penitência, caridade e oração. O jejum serve para quebrar em nós o orgulho e a vaidade.

A Igreja recomenda que todo católico deve se penitenciar renunciando a si mesmo para estar mais perto de Deus e conhecer melhor a Sua vontade. O Código de Direito Canônico estipula quais são os dias prescritos para isso: Toda sexta-feira do ano e durante o tempo da quaresma (cf. Cân. 1250), sendo que “a abstinência de carne ou de outro alimento” deve ser respeitado “toda sexta-feira do ano”, e “abstinência e o jejum na quarta-feira de Cinzas e na sexta-feira da Paixão e Morte de Nosso Senhor Jesus Cristo” (Cân. 1251). 

O jejum ajuda nosso corpo a se libertar do domínio da comida, ou seja, nos ajuda no autocontrole, além de nos manter sob a autoridade de Deus. “Tudo me é permitido, mas nem tudo convém. Tudo me é permitido, mas eu não me deixarei dominar por coisa alguma” (1Cor 6,12).

Praticar o jejum é buscar uma reorientação da vida

O Catecismo da Igreja Católica ensina que o jejum é uma reorientação radical de toda a vida. Por meio dessa prática rompemos com o pecado, demonstramos aversão ao mal e repugnância às nossas más ações. “Ao mesmo tempo, é o desejo e a resolução de mudar de vida com a esperança da misericórdia divina e a confiança na ajuda de sua graça” (CIC 1431).

No Antigo Testamento encontramos exemplos de quem buscava vencer batalhas e alcançar milagres praticando o jejum. Ester, antes de buscar resolver um problema que lhe parecia sem solução, jejuou por 3 dias (cf. Ester 4,15-17). Há também os que praticavam o jejum para ouvir a voz Deus (cf. Atos 13,2-3).

A correta observância do jejum

O jejum jamais deve ser praticado como uma competição para ver quem permanece mais horas sem se alimentar, não deve ser feito para provar algo a alguém, muito menos para emagrecer. O jejum cristão tem em vista os benefícios da alma e não do corpo. Por isso, ao praticar o jejum demonstre a Deus a intenção de, por meio dessa penitência, se aproximar ainda mais Dele. Afirme para si mesmo que está praticando o jejum por amor ao Senhor que  primeiro te amou (cf 1Jo 4,19).  

É preciso cuidar também para que o jejum não se torne motivo de orgulho ou vaidade. Os fariseus, por praticarem o jejum duas vezes por semana, acreditavam ser os melhores e os mais justos. Ao mesmo tempo, quando estamos praticando o jejum não devemos demonstrar isso em nossa face. O próprio Jesus nos orientou sobre isso: “Quando jejuardes, não tomeis um ar triste como os hipócritas, que mostram um semblante abatido para manifestar aos homens que je­juam. Em verdade eu vos digo: já receberam sua recompensa. Quando jejuares, perfuma a tua cabeça e lava o teu rosto. Assim, não parecerá aos homens que jejuas, mas somente a teu Pai que está presente ao oculto; e teu Pai, que vê num lugar oculto, te recompensará” (Mateus 6,16-18).

O importante é que este mandamento da Igreja seja cumprido não como uma obrigação, ou imposição, mas com um espírito de humildade, sendo encarado como uma maneira segura de responder ao apelo de conversão feita a nós por Jesus Cristo.

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