A palavra “novena” vem do latim novem, de “nove”. A novena, portanto, é um conjunto de orações que pode ser rezada por nove dias, nove semanas ou nove meses.
São dias nos quais nos dedicamos à prática da oração pedindo a intercessão dos santos, da Virgem Maria, do Espírito Santo ou dos Santos Anjos e Arcanjos.
No entanto, rezar uma novena não nos garante alcançar o milagre que pedimos por meio dela, já que Deus avalia se o que estamos pedindo é para o nosso bem. Quando recebemos algo de Deus, é sempre resultado de Sua própria escolha, da Sua vontade.
Contudo, esse tempo forte de oração nos aproxima mais de Deus, que nos concede graças que muitas vezes nem percebemos, como o fortalecimento da nossa fé.
Por isso, a nossa parte, como povo orante, é demonstrar fidelidade ao compromisso da oração.
Como surgiram as novenas?
Segundo a Tradição Cristã, a prática das novenas teve início com os apóstolos e a Virgem Maria.
Entre a ascensão de Jesus ao Céu e a descida do Espírito Santo sobre os apóstolos, como Ele havia prometido (cf. João 14,26), se passaram 9 dias.
E estes 9 dias, Nossa Senhora, os apóstolos e algumas mulheres, que acompanharam de perto a missão terrena de Jesus, ficaram reunidos em oração.
Esta foi a primeira novena cristã que se tem registro.
Mas por que eles fizeram isso? Agiram assim por obediência ao Mestre que os instruiu a permanecerem em oração. Jesus os deixou aparentemente sozinhos, mas com a promessa: “vós sereis batizados no Espírito Santo daqui a poucos dias” (Atos 1,5).
Eles seguiram as instruções de Jesus, permaneceram reunidos por nove dias, orando e esperando o que estava por vir, e Deus respondeu às suas orações de uma maneira transformadora, porque foram perseverantes: Deus os recompensou com o Pentecostes.
Por que devo rezar uma novena?
Muitos católicos e até não-católicos, questionam-se sobre o porquê rezar uma novena.
A resposta é simples: Simplesmente porque Jesus nos pediu para orar sem cessar e com persistência (cf. Lucas 18,1).
Assim como os apóstolos e a Virgem Maria não foram desapontados ao rezar a primeira novena cristã, também nós não ficamos desamparados quando nos propomos a esta prática espiritual.
Diferentes tipos de novenas
Ao longo do tempo, com o amadurecimento da fé cristã, surgiram 4 tipos específicos de novenas. São elas: de luto, de preparação, de petição e de indulgência. Sendo que algumas novenas podem se encaixar em mais de uma categoria. Vamos conhecer cada uma delas!
Novenas de luto
São as menos comuns, mas são também o tipo mais antigo na história da Igreja. Elas surgiram do primitivo costume de se oferecer nove dias de Missas pela alma de um falecido. Pudemos testemunhar isso em 2005 com o falecimento do Papa João Paulo II por quem, por 9 dias seguidos após o seu enterro, se rezou uma novena de Missas. Atualmente encontramos nas editoras católicas alguns livros com a Novena do Luto, que têm a finalidade de ajudar as famílias a passar por este tempo de dor.
Novenas de preparação
As novenas de preparação são festivas, alegres. Elas antecipam um acontecimento do calendário litúrgico da Igreja, como as novenas de Natal e a Novena do Divino, ou celebram o fundador de uma Ordem Religiosa, por exemplo.
Novenas de petição
Petição é o mesmo que “pedidos”. Esse tipo de novena se popularizou fortemente entre os fiéis. Elas são rezadas como um pedido de súplica por saúde e outros pedidos específicos. Um exemplo é a Novena a São José Operário, pedindo por um emprego ou por situações difíceis no trabalho. Outro exemplo é a Novena a Nossa Senhora do Bom Parto, cuja intenção é suplicar a valorosa ajuda da Virgem Maria durante o parto.
Novenas indulgenciadas
É o tipo de novena nas quais a Igreja oferece aos fiéis a graça da indulgência plenária, ou seja, o perdão total, perante Deus, da pena temporal devida aos pecados. Quando nos confessamos, Deus perdoa nossos pecados, mas devemos pagar pelas consequências no purgatório. A indulgência, no entanto, nos redime totalmente desta pena.
No entanto, neste tipo de novena, além das orações para cada dia, é necessário a confissão dos pecados ao sacerdote e a comunhão eucarística.
Um exemplo é a Novena da Misericórdia, em preparação para a Festa da Misericórdia. O próprio Jesus indicou à Santa Faustina: “Desejo conceder indulgência plenária às almas que se confessarem e receberem a santa Comunhão na Festa da Minha misericórdia” (Diário, 1109).
As novenas indulgenciadas são uma confirmação de que este tipo de oração é mais do que uma prática de piedade popular, é algo que pode nos transformar, basta abrir o coração para esta graça.
Os benefícios da novena para a nossa espiritualidade
A Santa Igreja reconhece o valor das novenas. Afinal, quando a rezamos com reta intenção, não apenas pode nos alcançar um milagre, mas nos ajudam a superar certas tendências da nossa natureza humana, corrompida pelo pecado.
Além disso, nossa natureza cede facilmente à preguiça, tanto do corpo, quanto do intelecto e do espírito. Neste sentido, as novenas nos ajudam a combater essa tendência, principalmente a preguiça espiritual. A repetição da oração por 9 dias pode intensificar em nós o desejo pela oração, ou seja, nos ajuda a criar o hábito da oração perseverante.
Rezar uma novena também nos torna mais humildes, porque reconhecemos que somos impotentes sem o auxílio da graça de Deus e que o controle de tudo está diretamente em Suas mãos.
Enfim…
As novenas são uma forte prática devocional que podem ser rezadas em casa, individualmente, com a família, ou na igreja – em comunidade.
Devemos rezar uma novena para alcançar uma graça almejada, mas também porque ela nos proporciona uma experiência espiritual enriquecedora.
A partir de uma novena conversamos com Deus, nos espelhamos nas virtudes da Virgem Maria e buscamos o exemplo de fidelidade dos Santos para viver nossa própria fé, com perseverança.