Em novembro de 2009, um casal recém-casado, após uma breve viagem, por causa de uma tosse insistente nele, resolveram ir ao médico. Para a tristeza de ambos, o médico, assim que viu a radiografia, encaminhou-os para um oncologista. Ele não tinha uma simples enfermidade, mas estava com um tumor no mediastino, de nove centímetros.
Essa é apenas uma das histórias em meio a tantas outras na vida de alguém! Quantas pessoas são surpreendidas com notícias de enfermidades que mudaram suas vidas.
Sabemos que ninguém está isento de situações como essa, porque não existe vacina contra o sofrimento. Mas, todos somos convidados a refletir sobre o que a enfermidade pode nos ensinar, e como podemos lidar com a doença de forma que ela não assuma o papel principal em nossa vida? O que fazer quando descobrimos que ela leva à morte?
Por essas perguntas e tantas outras é que preparamos esse post. Com o auxílio da Palavra de Deus, vamos fazer esse caminho de transformar a enfermidade em amor e, ao final, você saberá o que aconteceu com o jovem de 30 anos.
Impacto da notícia
Há vários tipos de sofrimentos que acomete as pessoas, entre eles está a enfermidade. Ela pode acontecer de dentro para fora ou ao contrário. Por exemplo: podemos sofrer de alguma doença hereditária ou alguém pode nos transmitir. Mas, independente de como aconteceu, a forma como lidamos com isso faz a diferença em nossa vida.
De fato, quando recebemos uma notícia desagradável, é natural que tenhamos diversas reações. Porém, todos precisamos trilhar um caminho de reconciliação com a enfermidade, e quando ele é feito à luz da Palavra de Deus, não só curamos o corpo, como também a alma.
Anselm Grun, monge beneditino, em seu livro – Como lidar com o mal – nos fala muito bem sobre como encarar a enfermidade e cita atitudes como: aceitação, interpretação e caminho espiritual. Esses passos podem nos ajudar a fazer um caminho de reconciliação com a doença e com o próprio Deus.
Aceitação da enfermidade
Aceitação é diferente de resignação. Quando recebemos a notícia de uma enfermidade, seja grave ou não, é natural que a primeira reação seja de não aceitação, ou perguntamos: Por que comigo? E podemos, também, negar a existência do problema. No entanto, esse não é o caminho saudável para lidar com o problema.
Aceitar a enfermidade é aprender a conviver com ela, isso implica lutar pela vida! Como nos diz o Papa Francisco: “o doente é sempre mais importante do que sua doença” . Ou seja, implica dizer para a doença que ela não é mais importante que sua própria vida. Aquele que aceita, luta; aquele que se resigna, se entrega à doença.
No entanto, a etapa de aceitação não consiste em achar culpados ou vasculhar a própria história procurando a causa. Na verdade, consiste em reconhecer-se frágil e procurar ajuda através dos tratamentos possíveis para solucionar o problema.
Contudo, isso não significa que não vamos chorar, nem sofrer com a enfermidade, ao contrário. São Paulo nos afirma: “Porque, quando me sinto fraco, então é que sou forte.” (cf. II Cor 12,10), se demonstro minha dor, estou apto para ser ajudado pelos irmãos e pela força de Deus.
Interpretação da enfermidade
Interpretar é fazer leituras sobre um acontecimento, mas quando trazemos a semente da Palavra de Deus em nosso coração, somos capazes de fazer essa leitura de forma diferente.
Normalmente, os questionamentos sobre a enfermidade giram em torno de pensamentos negativos, como: o que foi que eu fiz para merecer isso? O que será de mim agora? Por que Deus deixou que isso acontecesse?
Essas perguntas apenas nos levam a um poço sem saída: tristeza, desânimo, depressão. Porém, a interpretação da enfermidade à luz do Amor de Deus nos leva a enxergar, com nitidez, o para quê isso está acontecendo comigo! Logo, eu saio das acusações contra mim e até contra Deus.
A interpretação com base na fé me ajuda a perguntar: O que essa doença está me falando? O que Deus quer me ensinar? Como posso melhorar diante desse fato? Dessa maneira, então, faço a passagem da dor para o aprendizado.
Transformando a enfermidade em um caminho espiritual
O que Anselm Grun chamou de caminho espiritual, nós vamos intitular como resignificando a enfermidade à luz da Palavra de Deus.
Voltemos ao caso do jovem no início deste post: Ele foi encaminhado para o tratamento contra o câncer. Ele era cristão não praticante. A esposa era católica de berço, mas com pouca frequência às missas.
No entanto, não restou outra alternativa a não ser a oração, porque a medicação não estava surtindo o efeito esperado, e a Providência Divina reservava algo para eles.
Começaram, então, uma campanha de oração que mudou a vida deles: toda família pôs-se a rezar intensamente. E o padre, capelão do hospital, começou a visitar o rapaz; tornaram-se amigos e ele fez a primeira confissão de sua vida.
A enfermidade, que era motivo de sua destruição, tornou-se via de salvação. Através dessa dor, a oração voltou à família, a Palavra de Deus foi ouvida e o sacramento celebrado. Todos fizeram uma magnífica experiência de Deus.
Eles fizeram o caminho de resignificação da enfermidade com o auxílio de Deus.
Com isso, não queremos dizer que foi bom sofrer, mas por causa do sofrimento, aprendemos a valorizar a vida como um dom de Deus.
Dia mundial do enfermo
Todos os anos, a igreja celebra o dia do enfermo. Esse momento coincide com o dia de Nossa Senhora de Lourdes, 11 de fevereiro.
Lourdes é uma cidade na França onde Nossa Senhora apareceu para uma jovem chamada Bernadete – Santa Bernadete. Lá aconteceram muitos milagres e curas extraordinárias. Até hoje, Lourdes é conhecida como Santuário dos Milagres.
Justamente a novena a Nossa Senhora de Lourdes foi uma das armas que a família encontrou para lutar contra o câncer do jovem, e ele obteve a cura completa! Ele e sua esposa voltaram à vida. Certamente trazem marcas no corpo e na alma, mas, também, a feliz lembrança do Amor de Deus por eles.
Quando cultivamos a amizade com Deus, somos capazes de encontrar sentido em qualquer situação absurda, mesmo que ela antecipe nossa chegada ao céu.
Nossa Senhora de Lourdes, rogai por nós.